terça-feira, 7 de setembro de 2010

Os cinco minutos na casa dos meus pais

É uma experiência repetida, reiterada e marcante, sempre. Por mais que nas diversas vezes eu passe desapercebido por essa corriqueira fruição, ela sempre tem o seu valor sui generis.
Não falo em si da viagem, do retorno, dos abraços, do almoço, do carinho. A questão é, e sempre será, o anseio do amanhã.

Retornar ao lugar de onde outrora saí é encarar de fronte o passado, o presente e acima de tudo o amanhã. O amanhã que não chega nunca, que cansa por não chegar.

Os cinco minutos nada mais são do que lembrar dos amores, ponderar um possível equívoco, enaltecer o belo e, não obstante, almejar o futuro que por si só dói. A dor da incerteza, vontades, expectativas (muitas e muitas) e com isso perder no campo de visão a altura de um possível tombo para o fracasso.

Mas tudo bem. São aqueles cinco minutos na casa dos meus pais. Confortáveis. Os cinco minutos do cigarro que apago na sola do meu chinelo. Tudo volta ao normal – se é que o normal se faz parte do atual dicionário, quiçá se o referido existe.

Logo, logo existirão outros cinco minutos mais.