quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Falando em futebol...

...deixarei minhas BREVES considerações sobre o Campeonato Brasileiro 2009 e seus atores.

Sempre fui contrário a fórmula dos pontos corridos!
Independente do meu time de coração, o São Paulo, ser o maior papa-títulos do torneio (alcançado o posto, principalmente, por ser dos primeiros clubes a se adaptar ao novo método de disputa), sempre achei algo brochante e sem a menor emoção.

O que me respalda, empiricamente, essa minha prévia é que no primeiro título (tetra) do São Paulo na era dos pontos corridos eu estava no Morumbi e após terminado o jogo não podíamos comemorar a conquista do caneco, pois era necessário esperar uma combinação de resultados vinda do Paraná (sinceramente, não me lembro o jogo e que diferença faria se lembrasse?). Ou seja, fiquei com uma cara de tacho na arquibancada, assim como os jogadores no gramado, esperando que o auto-falante do estádio anunciasse o término do jogo em questão, ou, um torcedor mais empolgado colado em seu rádinho gritasse: terminou, terminou... é campeão caralho!

Enfim, fiquei até com uma certa vergonha. Uma sensação de deslocamento e falseamento. A minha comemoração não mais seria natural como sempre fora ao apito final do árbitro.
E sem querer me colocar como um saudosista, mas me lembro bem da época que existiam as finais no Campeonato Brasileiro e todo mundo parava nos dias de jogos, os estádios lotavam, os butecos nem se fale e as segundas-feiras só terminavam na terça quando o assunto era futebol - e se bem me lembro também, nas quartas-feiras já tinha jogo (não tinha que ficar assistindo jogos da sul-americana no meio de semana, esse sim, disparado, o torneio mais chato do mundo).

Por um momento, achei que esse Brasileiro me faria mudar de ideia. Comecei a refletir sobre a questão. Sem dúvida nenhuma, esse foi um campeonato disputado e não de hegemonia de um só clube (ou dois) como nos outros anos. Uns seis ou sete times pleitearam de fato o título, existia algo de diferente nesta edição.
Mas antes de entrar no mérito da disputa, como disse anteriormente, refleti sobre os aspectos positivos da fórmula. Abstrai a ponto de achar que o Brasileirão promovia uma certa integração nacional, já que os noticiários esportivos abriam espaços para outras praças além da tradicional Rio-São Paulo. Começavam, então, a existir novas rivalidades extra-regionais. Os torcedores nas rua de São Paulo comentavam sobre o novo reforço do Goiás. Poxa, algo estava mudando? Balela. Isso já existia na época do mata-mata. No máximo, somente, alguns noticiários se reformularam, como o Globo Esporte, que além de mudar o formato se tornou ainda mais regional (com uma edição feita somente para São Paulo, que no máximo soltava algumas notas sobre clubes contra os quais os paulistas iriam jogar).

De fato houve uma boa disputa, como já disse. Medalhões fugiram dos grandes burgos futebolísticos europeus para dar o ar de sua graça a plebe de que um dia fizeram parte (isso, óbvio, porque também já não tinham lá tanto espaço na Europa): como o peso-pesado do Corinthians, o imperador destronado que perdera seu reino mas sabia que a Gávea lhe renderia novos(velhos) súditos e o bom Fred (que não sei como não vingou de fato como 9 do Brasil). Outros nomes também poderiam aparecer aqui: V. Love, Fernandão, Petkovic, Washington, Souza, Val Baiano, Obina, Kléber Pereira, Willian Batoré e daí para baixo. Entendeste agora do que estou falando meu caro?
O nível técnico dessa PORONGA foi muito baixo!!!


Flamenguistas comemorando o gol do título

Os medalhões, tirando um ou outro (como o Adriano), se esconderam ou viveram machucado. Alguns sequer corresponderam as mínimas expectativas de suas contratações. Os medianos se destacaram, dada a falta de craques, e os ruins continuaram ruins.

Assim sendo, a rotatividade de líderes diferentes iria mesmo acontecer. Nenhum dos clubes que assumiram a liderança (com ressalva ao Palmeiras que teve lá seus graves problemas, mas tinha o elenco mais razoável e lampejos de craques de alguns jogadores) tinham a real capacidade de mantê-la por muito tempo. E é o que aconteceria com o Flamengo se houvessem mais algumas rodadas.

Não vou me estender mais e ficar analisando "friamente" cada time e porque ganhou ou perdeu o título.
Mas concluo dizendo que a falsa ilusão que tive de um grande campeonato e de que os pontos corridos tinha definitivamente emplacado se deu graças ao já falado baixíssimo nível técnico estabelecido no futebol praticado nesta terra - óbvio, os grandes jogadores brasileiros não estão no país. A pseudo-integração nacional é uma farsa - para quem assistiu CQC no dia 07/12, um dia após o término do campeonato, viu o bairrismo dos flamenguistas hostilizando o repórter pelo simples fato dele ser de São Paulo "Passa amanhã paulista"(uma rivalidade maior e pior do que a do futebol). E, por fim, o campeonato é chato pra cacete! Comemorar um título em cima do rebaixado América de Natal, como fez o São Paulo em 2007, ou, no exemplo atual do Flamengo em cima dos reservinhas do Grêmio, que já não via possibilidade nenhuma na competição, referenda o que eu digo.

Agora eu espero a Libertadores, que não terá Boca e River, mas ao menos tem no seu regulamento vigente as suas finais.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Natal: época de contradições 2 - reflexão e metalinguagem

Eu me lembro que no primeiro ano de faculdade toda oportunidade de produção textual era para mim uma oportunidade de deferir uma crítica a algo que não me agradava. Acredito que isso não deva parecer novidade à ninguém, pois a maioria de nós quando escrevemos aliviamos algumas tensões por meio de nossa subjetividade textual - seja através de uma crítica assídua, maquiada, velada, etc.

Bom, a questão é que lembrei, hoje, que há quase dois anos atrás escrevi um texto intitulado “Natal: época de contradições". Infelizmente esse texto se perdeu nos computadores de repúblicas passadas, mas lembro-me de que nada mais era do que uma pequena análise crítica ao modelo de consumo durante a época de festas de finais de ano. Falava também sobre a promiscuidade de ONGs que se favoreciam desse momento para autopromoção em prejuízo dos necessitados. Algo semelhante a Cronicamente Inviável, de Sérgio Bianchi.

Pois bem, era um exercício de aula que a professora pedira para que no encontro seguinte todos apresentassem suas produções. Eu me recordo que no dia em questão estava sentado nas últimas carteiras da sala e pelo tempo escasso, a professora me liberou da leitura - na verdade eu e mais alguns tantos, creio que mais da metade da sala. Porém, ela pediu que ao menos falássemos o título (não sei o que ela queria aferir com tal exercício, talvez o juízo de um livro pela capa?)

Blá, blá, blá, blá, blá, blá...
Natal: época de contradições

Surpreendi-me: ouvi alguns poucos risos (bem dispersos por sinal). Até hoje isso não me saiu da cabeça. Qual seria o porquê desses poucos, porém relevantes, risos.
Desde então, sempre pensei que a polêmica que pretendia instaurar era evidente a todos naquela sala. Mas tão evidente assim a ponto de gozação? Ou seria evidente a minha negação para os mesmos textos e temas de sempre de todos (um radical xiita para os mais belos olhos)?
Afinal, era sim uma crônica que poderia tratar de um tema já saturado, inegável, contudo não muito comum, na angulação que me vali, de se encontrar na imprensa brasileira (por razões óbvias como publicidade, lobby, aquecimento do mercado em época de final de ano, décimo terceiro, etc).
Hoje, podendo refletir melhor quase dois anos depois sobre as produções de, na época, uma sala de primeiro ano de jornalismo, só consigo afirmar com convicção aqui que era um texto válido! Uma produção que gostaria de ter exposto publicamente naquela sala para evidenciar as contradições que propus sobre o tema e as contradições dos respectivos textos “status quo” de meus colegas risonhos(no final minha vontade também era mandar um grande CHUPA para os que riram!).

Não vou ser hipócrita de dizer que me lembro dos textos daqueles colegas, muito menos dos que riram - já que nem identificá-los eu consegui. Mas felizmente, a história não para e as experiências não mais mascaradas vem à tona. Um jornal laboratório é suficiente para mostrar a fragilidade e o fiasco dos estudantes de jornalismo da “Geração Manual de Redação e Estilo” (essa é por minha conta).

Somente se reproduz na universidade e, por conseqüência, no curso de jornalismo.
Um pecado capital é experimentar. Isso é proibido. A repressão vem de cima ou de baixo, mas a mediocridade prevalece. Posso estar aqui, e agora, me valendo de uma postura um tanto arrogante para realizar essa crítica, porém, até então, ninguém me provou o contrário de que todos os finais de ano são iguais na mídia brasileira (ou mundial) e nas escolas de jornalismo - excetuando-se os veículos independentes.
Ou seja: são as mesmas pautas, os mesmo enquadramentos, as mesmas reflexões estáticas (pode parecer uma contradição, e é).

E um dia, este aluno de jornalismo quis criticar (ou evidenciar) essa contradição e somente propôs o título.
Ouviu risinhos de colegas.
Assim como o natal, isso também não era mais uma contradição?